Justificação


VISÃO GERAL


Justificação é a maneira pela qual Deus traz os pecadores para um novo relacionamento com Ele. Esta aliança com Deus se torna possível através do perdão dos pecados.Desde a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero declarou que a justificação vinha somente pela fé (não pelas obras), essa idéia assumiu uma importância especial na história da teologia. A igreja católica medieval enfatizava o papel do comportamento do cristão na obtenção da salvação. Lutero, dando uma nova ênfase às cartas de Paulo, afirmou que todos são pecadores, mas que somente pela fé na obra expiatória de Cristo na cruz temos a salvação. Segundo ele, uma vez que colocamos nossa fé em Cristo, estamos “justificados” diante de Deus, que não nos vê mais como pecadores, embora continuemos a pecar. Para Lutero, o cristão é ao mesmo tempo pecador e santo.No grego, “justificação” e “justificar” são também termos jurídicos, isto é, referem-se à corte da lei e ao ato de absolver ou acusar alguém por crime. Tem a ver com inocência ou virtude de uma pessoa. Porém, mais amplamente, se refere a qualquer relacionamento.

O CONCEITO DO VELHO TESTAMENTO


No Velho Testamento, justiça se refere a relacionamento e às obrigações desse relacionamento. Em alguns lugares, uma pessoa é considerada justa porque mantém um “justo relacionamento” com outra. Outras vezes alguém é justo porque faz certas coisas que são devidas para o outro com quem se relaciona (Gênesis 38:26). Porém, mais importante, esses termos são usados para descrever Deus, que é justo. Ele reina com justiça (18:25) e seus julgamentos são verdadeiros e justos (Salmo 19:9). Tanto o inocente quanto o culpado conhecem a justiça de Deus. Os inocentes sabem que serão absolvidos e os culpados que serão punidos porque a lei de Deus prevalece.No Velho Testamento, a justiça de Deus é descrita de tal forma que dá maior ênfase à Sua intervenção em favor do seu povo aliado. Por exemplo, Abraão é considerado “justo” porque responde com fé à aliança oferecida por Deus (Gênesis 15:6). Abraão não podia se autojustificar, mas pela aliança feita Deus o declarou “justo”. Para Deus ninguém se justifica por si próprio (Salmo 143:2). A esperança da humanidade é que Deus se lembrará de sua aliança. A justiça vem do favor ou graça de Deus, que lida com seu povo de acordo com sua bondade amorosa (Isaías 63:7).

NO NOVO TESTAMENTO


Quase toda a discussão sobre justificação no Novo Testamento se encontra nas cartas de Paulo, principalmente Romanos e Gálatas, onde ele procura explicar o que a obra de Cristo significa para a humanidade pecadora. Ele afirma que somos justificados pela fé, não por observar perfeitamente a lei – de fato, Paulo olha essa última idéia como uma mensagem anticristã que requer a maior condenação (Gálatas 1:6-9). A palavra e obra de Cristo deveriam nos lembrar que justificação é um dom de Deus através do sangue de Jesus Cristo (Hebreus 13:20). A lei não é capaz de levar uma pessoa à justiça, nem foi feita para isso. Justificação está separada da lei (Romanos 3:21). Gálatas 3:15-25 nos explica claramente a função da lei, que veio 430 anos depois da aliança de Deus com Abraão. Independente de qual tenha sido o seu propósito, ela não foi dada para nos fazer justos. “Porque se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade seria procedente de lei” (Gálatas 3:21).A obra expiatória de Cristo para a justificação das pessoas tem a ver com aliança, não com lei. “Justiça” é, portanto, uma palavra relacional – nós nos tornamos justos pela fé e somos trazidos para um justo relacionamento com Deus. A lei traz julgamento, ela nos confronta com nossa incapacidade de suportar o pecado (Atos 13:39, Romanos 8:3). Através da justificação o crente está livre da condenação (Romanos 8:1). Paulo menciona Abraão em Romanos e Gálatas para mostrar que a aliança tem sido sempre a única esperança da humanidade. Deus mantém sua aliança, embora seu povo a viole todos os dias.Nos escritos de Paulo, Deus é justo e o único que justifica. O pecado demanda julgamento e está relacionado com ele. O plano de Deus para trazer pessoas para o seu relacionamento é o ministério e morte de Cristo, que foi dado como propiciação para expiar pelos nossos pecados (Romanos 3:21-26). O pecado tem a ver diretamente com a morte Daquele que não tem pecado, que Se tornou pecado por nós de modo a nos permitir compartilhar da justiça de Deus (II Coríntios 5:21).Para Paulo, então, a justificação vem somente pela graça de Deus. Tornou-se acessível pela obra de Cristo, presente de Deus. Assim, podemos confessar que Cristo morreu “por nós” (Romanos 5:8; I Tessalonicenses 5:10), ou “pelos nossos pecados” (I Coríntios 15:3). Recebemos essa graça somente através da fé (Romanos 3:22; 5:1). O entendimento básico da pessoa justificada é que seu relacionamento com o Deus vivo nada tem a ver com boas obras. É tão somente um presente do amor infinito de Deus.A justificação vem pela fé. Mas o livro de Tiago nos lembra que a fé sem obras é morta (Tiago 2:17). O Novo Testamento sempre afirma que os verdadeiros seguidores de Cristo são conhecidos pelos seus “frutos”, isto é, o resultado de sua fé. Esta é a razão pela qual católicos, ortodoxos e alguns grupos protestantes consideram a justificação uma idéia perigosa: alguns crentes tendem a acreditar tão fortemente na sua justificação pela fé que se esquecem de seguir os mandamentos de Jesus. Assim, devemos estar alertas para não enfatizar tanto a idéia da justificação pela fé de tal modo que falhemos em atender o chamado de Deus para renovação dos nossos corações. Uma pessoa justificada deve mudar seu comportamento para com os outros e com Deus. Justificação deve sempre ser seguida de santificação.Nos Evangelhos, a idéia de justificação aparece na parábola do fariseu e do cobrador de impostos que foi ao templo orar. O fariseu chamava atenção para os seus atos piedosos e sua superioridade moral. O cobrador de impostos, humilhado por um profundo senso de seu próprio pecado e indignidade, somente chorava por perdão. Este homem, de acordo com Jesus, voltou para sua casa justificado (Lucas 18:14). Esta parábola deveria lembrar-nos da oposição de Jesus às pessoas que superestimam sua piedade, que pensam de si mesmas como “as melhores” dentre as pecadoras. (7:36-50). Somente o que se humilhar diante de Deus será exaltado (Mateus 18:4; 23:12). Somente o pecador ouve a palavra de graça (Lucas 5:32; 15:7, 10; 19:7). Os que se julgam indignos encontram cura (Mateus 8:8).É importante lembrar que a justificação vem pela fé, porque o homem tende a se apoiar no seu próprio comportamento para se salvar. Mas o cristão deve lembrar que o justo vive pela fé (Romanos 1:17; Hebreus 10:38; 11:7).

Comentários

  1. Shalom!

    1. Uma alegria conhecer seu blog.Que o El Deót - Deus da sabedoria, te use mais e mais!

    Nele, Pr Marcello

    P.s> Visite: http://davarelohim.blogspot.com/

    e veja o texto: O testamento de Paulo - II Tm 4

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