O dízimo na Bíblia e na atualidade


1.- O dízimo antes da lei não era rotineiro, e [era] voluntário.
 

         Os dois exemplos do dízimo antes da lei (em Gênesis) foram eventos únicos, VOLUNTÁRIOS e envolvendo mais do que dinheiro. O exemplo de Abraão foi do dízimo entregue uma vez apenas, dos despojos de uma guerra (Hebreus 7:2; Gênesis 14:20). Visto como Abraão havia feito um voto de não tomar pessoalmente qualquer despojo dessa guerra, (Gênesis 14:22-24), aparentemente ele dizimou o que pertencia aos outros ou o que poderia em breve lhes pertencer. Nada existe na Escritura dizendo que Abraão tenha dado o dízimo de sua própria renda ou riqueza, em tempo algum.
         Abraaão recebeu uma bênção e em seguida deu o dízimo, e aparentemente fez isto por um costume da sociedade, sem qualquer mandamento divino para fazê-lo. (Gênesis 14 e Hebreus 7:1).
         O exemplo único de Jacó [dizimar] foi prometido SE Deus fizesse algo, e a Escritura não esclarece se Jacó de fato o cumpriu (Gênesis 28:22).
         De qualquer maneira, estes dois exemplos esclarecem que o dízimo antes da lei não era obrigatório, mas voluntário. Visto como a Escritura, antes da lei, só registra incidentes onde o dízimo foi dado uma única vez na vida, fica claro que ele não era uma prática rotineira... Também, tendo em vista que Jacó prometeu dizimar o que ele já havia ganho e possuía (quer dizer, possuía totalmente, depois de pagar todos os custos e débitos associados, que não foi tomado emprestado ou falta pagar uma parte dele, nem que serve de penhor, nem que está hipotecado ou sob qualquer tipo de reserva de domínio), entende-se que ele pretendia dizimar sobre os seus lucros. Isso é importante, e discutiremos mais tarde sobre os lucros. Os que procuram tornar o dízimo estritamente baseado em dinheiro, obrigatório e rotineiro, afirmando ter ele existido "antes da lei", não estão ensinando como ele realmente foi dado, “antes da lei”.  Notem ainda as seguintes escrituras  mostrando a natureza voluntária de como se ofertava antes da lei (Êxodo 35:5, 21,22,24, 29).
      “Tomai do que tendes, uma oferta para o SENHOR; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao SENHOR: ouro, prata e cobre,” (Ex 35:5 ACF)
      “21 E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao SENHOR para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes santas. 22 Assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todos os objetos de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao SENHOR;” (Ex 35:21-22 ACF)
      “Todo aquele que fazia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia por oferta alçada ao SENHOR; e todo aquele que possuía madeira de acácia, a trazia para toda a obra do serviço.” (Ex 35:24 ACF)
      “Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o SENHOR ordenara se fizesse pela mão de Moisés; assim os filhos de Israel trouxeram por oferta voluntária ao SENHOR.” (Ex 35:29 ACF)
         Alguns mestres que ensinam a obrigação de dizimar usam as escrituras que declaram que se TRAGA, em vez de DAR o dízimo, a fim de provar que este é obrigatório. Como veremos a seguir, o dízimo na lei eraobrigatório, enquanto as escrituras que mencionam o dízimo ANTES DA LEI dizem que este era DADO. (Ver também a parte 16 - "Alguns Pensamentos Sobre Melquisedeque" para futura discussão sobre o dízimo antes da lei).


2. - O dízimo não era em dinheiro nem baseado no ganho, mas baseado na TERRA.
 

         Se dois fazendeiros fizessem a colheita de dez cenouras, cada um, ambos seriam obrigados a dizimar uma cenoura. Sob o sistema agrário do dízimo, não importava se um deles vendesse as nove cenouras restantes por cinco e o outro por 10 dólares. O dízimo da colheita não se relacionava ao ganho [mas à TERRA]. O dinheiro era raramente uma coisa dizimada na Bíblia, se é que jamais o foi (Neemias 13:10-13).  Para ser realmente bíblico, o dizimo NÃO era baseado no ganho ou no dinheiro, DE MODO ALGUM! [Deuteronômio 14:22-23; 18:1-5; 26:12; Neemias 10:38-39; 12:44; Levítico 27:30-33; Josué 13:14]. O dízimo antes da lei era voluntário e baseado no lucro; o dízimo na lei era obrigatório e baseado na PRODUÇÃO (agrária). Os meios agrários (da terra) e o dízimo agrário eram baseados no que se conseguia PRODUZIR na terra, em plantações e animais. Deus ordenava que as pessoas trouxessem 1/10 da produção da terra, ANTES de vendê-las. Então o dízimo não era baseado no ganho da colheita. De fato, era contra a lei vender o dízimo. Era obrigação levar o PRODUTO e não aquilo que dele resultasse (Levítico 27:28). Existem muitas referências para dizimar o “excedente” (Por exemplo, Deuteronômio 14:22, usando “tbuw’ah”), o que significa literalmente fruto ou produto e, nos versos sobre dizimar, COMER o dízimo é sempre mencionado. Notem em Neemias 13:10 que os levitas iam para o CAMPO a fim de repor os dízimos em falta. Durante o tempo da lei agrária a troca e substituição de produtos do dízimo era comum, mas também havia SISTEMAS MONETÁRIOS em vigor (Gênesis 23:15-16 e 42:25; Jeremias32:9-11; Deuteronômio 14:25 e Malaquias 3:5). Mesmo assim, permanecia o dízimo agrário (baseado na terra).
         Deus deu por herança aos levitas os dízimos de Israel, em vez da terra (Josué 13:14; Deuteronômio 10:6-9; 18:1-5, Números 18:21-24). Deuteronômio 14:24-27 mostra essa antiga exceção, provando que sistemas financeiros estavam em vigor, sem que o dizimo fosse baseado em dinheiro. Nessa antiga exceção, poder-se-ia vender o dízimo [da produção da terra] em circunstâncias específicas, para se gastar o dinheirono que se desejasse, contanto que isso fosse compartilhado com o levita local. Esses versos também deixam claro que “se a distância fosse longa demais para CARREGAR O SEU DÍZIMO”, provando que o dízimo NÃO era baseado em dinheiro. O Novo Testamento mostra os fariseus dizimando não sobre o lucro ou dinheiro, mas sobre o que eles POSSUÍAM E CULTIVAVAM (Lucas 18:12; Mateus 23:23), mostrando que o dízimo era [baseado nos] LUCRO e PRODUÇÃO AGRÁRIA.


3. - O ato de dizimar SEMPRE foi feito para honrar a Deus. NUNCA foi feito como forma barganha com Deus.
 

         Nenhuma das palavras inglesas “sacrifice”, “offering” ou “gift” corresponde às palavras bíblicas korban, corban ou quorban.  (Ver a palavra “gift” em Marcos 7:11), sendo estas derivadas de um verbo que de um modo significa “estar perto” e do outro, “trazer para perto”. No primeiro caso, ele se refere às próprias ofertas e no outro, aos ofertantes, como sendo estes trazidos para perto de Deus. Hoje em dia, a mentalidade de “dar para receber” é vergonhosamente pregada, enquanto dar para honrar a Deus, ou ficar mais perto de Deus, é mencionada apenas como formalidade.

         Viver com débitos foi biblicamente reprovado e a usura tornou-se ilegal entre os judeus. O cancelamento de dívidas cada sete anos e o Ano do Jubileu cada cinqüenta  anos, os quais eram LEI, já não se encontram mais em efeito (Deuteronômio 15 e Levítico 25) [hoje em dia]. Toda a Lei ou nada dela! [o autor deve estar querendo dizer que ou toda a lei sobre propriedade e dívidas e dízimos deve ser tomada, ou nada dela deve ser tomada.] No mundo hodierno, usar dinheiro para "pagar os dízimos a fim de sair das dívidas” e, com tal pagamento de dízimos, ficar devendo a alguém por serviços ou produtos já recebidos ou contratados e NÃO pagá-los imediata e apropriadamente, ou ter que tirar empréstimos pagando altos juros, é terrivelmente tolo, enganoso e não escriturístico. Isso equivale a uma loteria ”cristã” e aos cristãos imbuídos do “espírito de jogatina”.

         Vejo que estamos numa cultura de débitos e não estou dizendo que os cristãos devem estar 100% isentos de dívidas, ANTES de ofertar qualquer dinheiro [para a obra de Deus]. Estou falando da OBRIGAÇÃO (lei) de contribuir [para a obra de Deus], quando as pessoas estão fazendo essas contribuições somente por obrigação, por medo ou por motivação inapropriada, em vez de honrar suas responsabilidades legais, resultando isso em dar desproporcionalmente e entrar em mais débitos. Os pregadores de hoje raramente condenam o contribuir [para a obra de Deus] através de entrar em débito, e, vergonhosamente, até encorajam isso, chamando-o de um ato de fé. Infelizmente, a realidade é que muitas vezes o contribuir através de entrar ou se manter em débito é uma forma de jogo cristão, um jogo de dados, um ato de desespero por parte de alguém que já está sobrecarregado de dívidas.

         Referindo-se à oferta da viúva, o mesmo Cristo que observou ser sacrificial a abundância em dar, disse em outra parte para sermos financeiramente responsáveis. Ele denunciou a prática de dar a Deus, enquanto se ignoram as responsabilidades (Marcos 12:41-44; 7:10-13; Mateus 22:21; 17:25-27). Romanos 13:7-8 diz:“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.”

           
Nos dias de hoje, quando você não está em condições de dar [seu dízimo e ofertas adicionais], logo lhe dirão para usar o seu cartão de crédito ou assumir um compromisso [assinar notas promissórias, etc.] de dar [o que contraria totalmente o mandamento supra citado]. Onde, por acaso, já foi uma dívida encorajada na Bíblia? Ela fala de pessoas dando aquilo que possuíam e NÃO daquilo que seria através de empréstimos e pagamento de juros [nem de deixar de pagar suas obrigações]. Escutei, recentemente, numa TV cristã, que alguém deveria entregar o montante de sua dívida ao Senhor e que esse alguém iria receber uma resultante bênção divina para liquidar essa dívida. Isso não passa de um jogo “cristão” antibíblico.



4 - A lei do dízimo era baseada num sistema agrário (terra), dentro de um governo teocrático e uma sociedade agrícola.
 

         A terra era propriedade oficial do Senhor, "concedida para ser usada” pela igreja [a tradutora e o site solascriptura-tt corrigem este termo para Israel], com os levitas recebendo os dízimos de Israel, em lugar [do uso] da terra (Levítico 25:23-24). Tal sistema já não existe, daí por que muitos judeus já não dizimam. Poderia existir o argumento de que uma forma de sistema agrário ainda existe com o governo substituindo a igreja. Hoje, o governo é “proprietário” da terra e a explora através de impostos e taxas. Todos pagam esse “dízimo”, direta ou  indiretamente ao governo, através de IPTUs, aluguéis, impostos comerciais [ICMS, IPI, etc.] e impostos agrícolas.

         O tempo do dízimo obrigatório corresponde ao princípio da organização do governo do estado teocrático judaico, através da Lei de Moisés, da exploração agrícola da terra pelo estado teocrático de Israel, do sacerdócio levítico e do primeiro Templo judaico a Tenda do Encontro [com Deus]. Seja feita uma distinção importante de que numa teocracia a igreja É o governo, com todas as responsabilidades de governo. Hoje a igreja já não explora a terra; não responde pelo sistema judicial, legislativo e governamental; não mantém nem dirige as forças armadas, nem a força policial; não cuida  dos impostos, da distribuição dos recursos públicos, dos serviços de saúde, do bem estar social, das  aposentadorias, nem de outras responsabilidades governamentais. O governo teocrático judaico fazia tudo isso, e muito mais, sob a Lei. Nos USA [e no Brasil, e em todos os países ocidentais], a igreja e o estado são SEPARADOS e muito mais de 10% são pagos em impostos, pela substancial maioria dos americanos [e brasileiros], às funções governamentais e já não mais à igreja. De vinte e cinco até trinta por cento das taxas americanas [e brasileiras] vão para uma variedade de causas, enquanto que muitas, se não a maioria, são manuseadas pela igreja, num governo teocrático. Hoje em dia, as deduções de pagamentos e outras taxas até ajudam na isenção de impostos, diminuindo  os lucros, inclusive as doações feitas às igrejas.

         Samuel advertiu o povo de Deus no sentido de que se este abandonasse a forma de governo teocrático, os dízimos seriam cobrados do povo, levando-o a protestar em razão das exigências governamentais (1 Samuel 8:2-22). A história está repleta de exemplos de excessivas exigências governamentais e a maioria dos americanos [e brasileiros] já é triplamente "dizimada” em seus impostos pelas funções do governo, que teriam sido antes manuseadas pela igreja, numa teocracia.

5 – O Dízimo, segundo se ensina hoje, foi modificado e já NÃO corresponde ao dízimo bíblico.
 

         Deus destinou os dízimos aos levitas em recompensa pelos seus serviços e por não terem recebido a herança pessoal da terra. Os levitas davam aos sacerdotes o dízimo dos dízimos que recebiam. O Cristianismo não tem um sistema agrícola nem levitas, e cada cristão agora é um sacerdote, é o templo e um co-trabalhador com Cristo (2 Pedro 2:5-9; Apocalipse 1:6; 5:10. 20:6).

         De cada judeu era exigido, pela Lei Levítica, que fossem pagos três dízimos [dos lucros] de sua propriedade:
1. - Um dízimo para os levitas;
2. - Um dízimo para uso do Templo e para as grandes festas; e
3. - Um dízimo para os pobres da terra.  [Números 18, Deuteronômio 14]

         Em vista do acima exposto, é claro que qualquer igreja que exigisse o dízimo deveria estar gastando PELO MENOS UM TERÇO de sua entrada com os pobres, visto como essa era a exigência sob a lei do dízimo obrigatório. Será que existe alguma igreja que se aproxime disso? Não conheço uma sequer! Contudo, não é incomum o fato de alguns ministros [eu diria muitos] chamarem seus paroquianos de ladrões, quando estes não entregam o dízimo. Toda a Lei ou nada dela! [o autor deve estar querendo dizer que ou toda a lei sobre propriedade e dívidas e dízimos deve ser tomada, ou nada dela deve ser tomada.]

        Os dois únicos exemplo de dízimos antes da lei, em Gênesis, foram voluntários, não rotineiros e baseados no lucro. A lei bíblica de dizimar era na base agrária (da terra). Nenhum desses dízimos era dado em dinheiro, conforme geralmente se ensina hoje. As pessoas não deveriam estar “criativamente inventando” uma doutrina ensinando que o dízimo bíblico é dar 10% da renda bruta ou líquida, apanhando e escolhendo qual a parte da lei que elas devem seguir, determinando quantias ou misturando a lei com a graça. A Bíblia é clara sobre o que era o dízimo, antes e durante a vigência da Lei e como deve ser manipulado. Um dízimo corresponde a 1/10... Mas 1/10 sobre o que e... como? Se alguém quer ensinar que o dízimo é 1/10 da renda bruta ou líquida, que NÃO  chame isso de dízimo bíblico. E caso seja esse o SEU plano, tenha muito cuidado para NÃO colocar pedras de tropeço no caminho das pessoas, pressupondo que o seu plano é a Lei de Deus, resultando em castigo, caso não seja obedecido.

         O dízimo NÃO PODE ser praticado conforme o foi nos tempos bíblicos, porque a lei do sistema agrário, dos sacrifícios, do cancelamento de dívidas, do Ano do Jubileu e outros fatos inter-relacionados foram todosabolidos. Além disso, as igrejas não têm lei alguma substituindo-os, para exigir as responsabilidades comunitárias da distribuição de recursos, conforme o dizimar na  lei agrária. Nesse caso, seria melhor deixar inteiramente de lado a palavra “dizimar”, nesta Era da Graça, a fim de evitar a mistura da Lei com a Graça, como tem sido tão comum hoje em dia.

         Contudo, isso deve ser difícil em razão da “dizimomania” que tem varrido a terra. Muitos vão acreditar que um “plano de dar” vai assistir, contribuir e ajudar as pessoas a decidir o que é apropriado a dar, o que será brevemente discutido.


6 - Controle, ambição ou completa ignorância constituem a motivação por trás de muitas das mensagens atuais sobre o dízimo obrigatório.
 

         O Novo testamento é claro quando enfatiza; Para sermos abençoados devemos dar generosa, alegre e voluntariamente, não por necessidade, mas conforme nossas posses, em espírito de fé, amor e retidão. O Novo Testamento NÃO estabelece claramente, de modo algum, quantia ou porcentagem.  Paulo NÃO diz para darmos conforme uma porcentagem, mesmo estando a par do ato de dizimar (1 Coríntios 16:2) [Paulo ordenava que se fizessem as coletas antes dele chegar, o que demonstra a sua  preocupação de jamais induzir - com a sua presença - os crentes a darem essas ofertas]. Várias vezes Paulo compara o darvoluntariamente com dar fruto e com ofertas queimadas (o seu uso da terminologia do VT (fruto e ofertas queimadas), sem mencionar o dízimo, NÃO poderia ter sido um lapso, em razão de sua ascendência judaica (Filipenses 4:17-18; Romanos 15:26-28). A Bíblia ensina a dar, conforme o Senhor nos tem feito prosperar e conforme nossa capacidade e posses (2 Coríntios 8:11; 9:5-13 e Atos 11:29). A palavra “meios” tem o significado grego de possessão e propriedade. Isso quer dizer que você está dando o que é totalmente seu e não o que se baseia de crediários ou juros.
Cristo ensinou que um homem deveria vender tudo que tinha e dar aos pobres (Marcos 10:21), contudo ficou satisfeito quando o outro [Zaqueu] prometeu que daria a metade dos seus bens aos pobres (Lucas 19:1-10), o que mostra claramente que quantias específicas não são importantes para a Deus.

         A história das duas pequenas moedas da viúva torna meridianamente claro que a relação com o dinheiro, a atitude do doador e o  sacrifício é que são importantes. Cristo disse que a viúva havia ofertado MAIS do que os ricos, apesar dos ricos terem ofertado mais (Marcos 12:41-44). Cristo focalizou claramente o sacrifício feito e NÃO as quantias ofertadas. Os mestres do dízimo obrigatório apelam estupidamente para o fato de que uma pessoa rica poderia dizimar sem fazer sacrifício algum, em razão de sua renda. Para um rico fazer o mesmo sacrifício de uma pessoa pobre, quando esta dá 10%, ele teria de dar 90% ou mais de sua renda. A Bíblia está cheia de admoestações contra a opressão aos pobres. A intricada doutrina do dízimo obrigatório, baseada na entrada da renda, nos dias de hoje, é uma coisa que Deus NÃO iria autorizar, visto como oprime os pobres. Lembrem-se que a lei do dízimo obrigatório não era baseada na entrada da renda, conforme ficou claro na seção 2. Cristo ficou impressionado com  o sacrifício feito na oferta e NÃOcom as quantias ofertadas. Se uma pessoa rica dá 10% sem sentir sacrifício, o mesmo Cristo, que não se impressionou com as grandes ofertas em Marcos 12:41-44, também não se impressionará com as mesmas  ofertas, hoje.

         Alguns ensinam, ofensiva e desavergonhadamente, o "dizimar" como lei. Muitos usam sutis distorções mentais que chegam a esse ponto: “Não, o dízimo não é obrigatório, mas se você é um filho de Deus, vai querer dar 10% de sua renda” ou então  usam uma técnica semelhante de obrigação e culpa. A outros dizem que  não entreguem o seu dinheiro a alguém em necessidade, mas a “um ministério, onde a unção financeira está fluindo”. É então “sugerido” que sem isso não haverá bênção. Outros ainda têm a desfaçatez de dizer: “Não fui eu quem disse isso, foi Deus”. Um boato aplicado a uma Escritura mal aplicada ou ainda a mal aplicada “maldição de Malaquias”, serão discutidos na seção 10. Outros dizem: “Todo o seu dinheiro pertence a Deus.” Conquanto todas as coisas pertençam a Deus, convém lembrar que Ele também disse: “O trabalhador é digno do seu salário”. E que a Escritura é válida para todos, não somente para os que fazem a obra de Deus. Cristo ensinou que vendêssemos o que temos para dar aos pobres, mostrando a respeito do dinheiro um foco consideravelmente diferente do que demonstram os modernos líderes da prosperidade: “Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.(Lucas 12:33). Enquanto isso, muitos líderes de igreja, hoje em dia, contentam-se em pregar uma mensagem mista, quanto a se o dízimo é ou não é obrigatório.
         Alguns chegam ao extremo de ensinar que o dízimo obrigatório é simplesmente uma “janela aberta às bênçãos” e que “dizimar além do dízimo é que produz uma tempestade de bênçãos” [Quem tem medo de tempestades, como eu, continue sendo um crente não dizimista, como eu!]. Com uma média de 30 a 35% de sua renda entregue ao governo, para que este exerça as funções que a igreja não mais exerce, dando mais 10% de dízimos MAIS ofertas, presume-se que os americanos doem no mínimo 50% de sua renda bruta, conforme a pregação dos mestres do dízimo obrigatório. [No Brasil os impostos do governo já atingem uma faixa de quase 50%. Nesse caso, o brasileiro que entrega o dízimo retém apenas 40% do que ele recebe de renda bruta... Então é o caso de indagar: Deus deseja ver os Seus filhos passando necessidade, enquanto os líderes malaquianos se locupletam de bens?
            Será que os defensores do dízimo obrigatório, levam em conta o dinheiro de origem duvidosa, da negligência nos pagamentos, dos compromissos de dizimar, com o crente contraindo dívidas para  isso?Todas essas considerações são bíblicas e poderão acarretar a REJEIÇÃO divina ao dízimoNão consigo me lembrar de ter uma única vez escutado qualquer mensagem sobre essas considerações bíblicas. A verdade é que muitos ministros do dízimo obrigatório não se importariam com a origem “corrupta” do mesmo, contanto que  o recebam... Contudo, Deus fica muito mais satisfeito com uma vida HONESTA E RESPONSÁVEL do que com aquele crente que dá, movido pelo temor e deslumbrado com as grandes igrejas!         A lei de dar por obrigação era em geral flexível. Existem muitos exemplos bíblicos com relação ao dar obrigatório, dizendo por exemplo: “Quem não tiver um touro, pode dar uma pomba; se não tiver uma pomba, que dê uma taça de farinha, etc.” Pelo visto, a lei tinha muito maior consideração às realidades da vida do que muitos pregadores atuais da prosperidade (Ver Levítico 12:6).

                

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